sábado, 16 de fevereiro de 2008

D. Flor, seus dois maridos, três namorados etc etc

Dia desses, à tarde, dei-me ao luxo de tomar um cappuccino com tudo que tinha direito. Creme? Sim. Canela. Opa! Aquele fundinho de chocolate Kopenhagen derretido... Cacilda Becker!!!! Que delícia!
Sento-me à mesa e uns três minutos depois, uma amiga - também estrangeira nesta terra de alemães - acompanha-me no cappuccino. Assunto? Fofoca, lógico! Não nossa, a gente raramente faz fofoca. O assunto foi fofoca, não fofoca genérica. Fofoca que fazem da gente.
Antes que me enrole nessa fofocarada que escrevi, vou contar.
Aqui nesta cidadezinha pequena com síndrome de metrópole, fofoca é uma coisa assim, comum, corriqueira. Todo mundo faz. Quem não faz é estrangeiro. Quem não ouve não é daqui. Você passa pela rua e vê sempre duas ou três personagens desse Big Brother real aos risinhos e, se parar pra prestar atenção... batata! Estão falando da vida de alguém!
E assim a vida segue... A cada nova rodinha, vai-se adicionando mais pimenta. Lógico! Quem quer ficar pra trás? Afinal de contas não é sempre que um burro fala e os dez outros abaixam a orelha, não?
Aqui, até homem se dá o direito de meter o pitaco na vida dos outros e sair falando aos quatro ventos. Bobeia e consegue ser melhor do que as mulheres nessa arte tão feminina. O que muda são os detalhes: ao invés do café, é cerveja - e muita -, ao invés do bolo, são petiscos, no lugar do sofá é a mesa redonda. E aí, não tem hora pra acabar.
Eu, por exemplo, desde que cheguei aqui, já fui personagem principal de muitas estórias das quais nem tive o (des)prazer de participar. Em quatro anos de Blumenau já me arranjaram algumas, confesso, muito boas. Não sei porquê, mas ando a dar ibope. E quer saber? Nem ligo. Sorrio. É, aquele sorrisinho sarcástico, mesmo.
Faço o quê? Sinto-me orgulhosa, lógico. Não sabia que estava "podendo" tanto assim!
Afinal, não é pra qualquer uma: homem, assim como nós, mulheres, também requer tempo, atenção, paciência, discernimento e outros afins. Com esse número todo, já pensou? Horários apertadíssimos, milimetricamente divididos. E ainda tenho tempo para as crianças, lazer, manicure, pedicure, cabeleireiro, fotografar, escrever, trabalhar, cuidar de detalhes da casa, cozinhar e... dormir!!! Veja você!
Se alguém me perguntar hoje se eu tenho 5 minutinhos pra resolver um problema, respondo:
- Pôxa, fulano, infelizmente não! Nem hoje, nem amanhã e nem depois. Muito menos no dia depois de depois de amanhã. Afinal, tenho dois maridos, três namorados, dois amantes, um estepe e meia-dúzia de quebra-galhos pra organizar.
P.S. Adoro morar aqui, até recomendo... faça um test-drive antes.

3 comentários:

Artsy-Fartsy disse...

Uia!, eu, que ando visitando este Prime-blog freqüentemente, não vira este texto! Fantástico! Dna. Flor e seu jardim. Você tem o dom de "fingir que é dor a dor que deveras sente" (Autopsicografia, Pessoa), com mestria. Sabe ironizar aristotelicamente e tem a argúcia dos grandes prosadores. Foi reiterado prazer ler isto!

Anonymous disse...

Adorei! Imprimi e coloquei pro povaréu todo do escritório ler. Quem sabe metem menos a bicuda na vida dos outros...
Paulinha

disse...

Paulinha, obrigada pela presença assídua aqui... rsrsrsrs
Tomara que ajude!
bj