domingo, 29 de junho de 2008

Um meio ou uma desculpa?

por Roberto Shinyashiki
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A realização de um sonho depende de dedicação.
Há muita gente que espera que o sonho se realize por mágica, mas toda mágica
é ilusão, e a ilusão não tira ninguém de onde está.
Na verdade a ilusão é
combustível dos perdedores pois:
Quem quer fazer alguma coisa, encontra
um meio. Quem não quer fazer nada, encontra uma desculpa.

Mario Quintana

No campo dos girassóis

girassol


Fecho os olhos e ainda me vejo lá, correndo entre os girassóis, menina-moça, moça-menina cheia de sonhos, fantasias, ilusões e esperanças. Corria e corria e corria até os pulmões não se agüentarem mais! E então deitava ali mesmo, ofegante. Deitava e passava horas ali, a olhar para o céu através dos girassóis que me pareciam gigantescos. E me via no meio de um quadro, onde o azul dos meus olhos se refletia no céu e eu tinha milhares de sóis à minha volta.

E sonhava... como sonhava!

Meus verões eram assim... explorava os morros, as pedras na encosta que o mar deliciosamente acariciava.

Meus dias sempre começavam e terminavam lá, diante da imensidão azul do mar que se misturava como em aquarela com o céu. E o verde, aquela minúscula e longínqua parte esverdeada do mar era que me prendia a atenção. Sempre o verde. E sonhava. Como sonhava!

O caderno, a caneta e eu.
Eu e o barulho das ondas quebrando na encosta.
A água salgada gentilmente molhando os meus pés descalços na areia.
A brisa leve tocando o meu rosto, acariciando os meus cabelos.
Um perfume que sempre se fez presente mesmo na ausência.
O pensamento longe e a alma inquieta. Sempre inquieta.

Meus dias eram enluarados e minhas noites tinham sol.

sábado, 28 de junho de 2008

A coisa mais autêntica sobre nós...

... é nossa capacidade de criar, de superar, de suportar, de transformar, de amar e de sermos maiores que o nosso sofrimento.
Ben Okri

terça-feira, 24 de junho de 2008

Você pode facilmente perdoar uma criança por ter medo do escuro. A real tragédia da vida, é quando os homens tem medo da luz.

Platão

Dispensa qualquer comentário, não?

Atravessamos nossas pontes quando vamos até elas e as queimamos atrás de nós...

...com nada para mostrar nosso progresso exceto a memória do cheiro da fumaça e a presunção de que um dia nossos olhos lacrimejaram.
Tom Stoppard

domingo, 22 de junho de 2008

Cidade dos Anjos


Sinopse: Conta a história de Seth (Nicolas Cage), um anjo que vaga pela Terra consolando aqueles que estão a um passo da morte. Maggie (Meg Ryan) é uma cirurgiã prática e racional que se abala ao perder um paciente, aparentemente, sem motivo algum. Aos poucos, Maggie vai sentindo a presença de algo divino ao seu lado, mas se recusa a acreditar em uma coisa que não consegue explicar. Até que, em um certo ponto, seus destinos e caminhos se cruzam e, a partir dai, começa a história de um amor impossível...

Por que vale a pena assistir?
Como é difícil achar um filme romântico que nos toque, emocione, alegre, enfim... Que fuja de muitos clichês que cercam o gênero romântico e que, muitas vezes, funcionam como uma armadilha até mesmo para os diretores mais experientes. Felizmente, a obra de Brad Silberling (um diretor que não é tão bem reconhecido no meio cinematográfico, mas muito conhecido no meio televisivo por dirigir séries famosas como Felicity, produzida pela Warner Bros.) é de extremo bom gosto, conta com três atores muito bem identificados em seus papéis e um enredo muito bom.

Cidade dos Anjos conta a história de Seth (Nicolas Cage, de 8mm, A Rocha, 60 Segundos), um anjo que vaga pela Terra consolando aqueles que estão com problemas, a um passo da morte. Maggie (Meg Ryan, de Kate & Leopold, Prova de Vida) é uma cirurgiã prática e racional que se abala ao perder um paciente, aparentemente, sem motivo algum. Aos poucos, Maggie vai sentindo a presença de algo divino ao seu lado, mas se recusa a acreditar em algo que não consegue explicar racionalmente. Até que, em um certo ponto, seus destinos e caminhos se cruzam e, a partir daí, começa a história de um amor impossível...

Nicolas Cage nunca esteve tão bem caracterizado em um personagem como em Cidade dos Anjos. Aliás, o filme é até uma pausa (e de muita qualidade) na carreira do ator, que até então se concentrava em fazer filmes de ação. Já Meg Ryan é uma veterana em filmes românticos e comédias românticas. Ficou muito boa também como Maggie, a médica racional que se apaixona por um anjo. Dennis Franz (que faz um papel de um outro anjo caído, um anjo que optara pela mortalidade) e Andre Braugher (o sábio conselheiro e único amigo com quem Seth se abre) também estão excelentes em seu papéis, as atuações junto com o enredo bem desenvolvido deixam o filme ainda mais intrigante.

Cidade dos Anjos foi inspirado num filme pouco conhecido entre muita gente. Aliás, pouquíssimos são aqueles que tem conhecimento disso. “Der Himmel über Berlin”, ou simplesmente Wings of Desire, de 1987. O filme alemão dirigido por Wim Wenders (de O Hotel de 1 Milhão de Dólares) chegou ao Brasil sobre o titulo de “Asas do Desejo” e rendeu boas críticas.

Uma das coisas mais interessantes de se notar em Cidade dos Anjos é justamente o processo de criação do mundo dos anjos. É tudo muito perfeito, minuciosamente trabalhado. As roupas com que os Anjos perambulam pelas ruas, seus diálogos escassos, porém convincentes, suas posturas, seus encontros ao nascer do sol e ao pôr-do-sol; tudo isso criava um clima que Brad Silberling soube tocar pra frente com maestria incrível. O mundo paralelo estava criado e o público realmente acreditava naquilo que lhe fora introduzido, pois isso foi feito de uma forma muito sutil pelos diretores (tanto o “convencional” como o “de arte”). No DVD do filme você vê que Silberling dedicou esse aspecto de criação desse mundo paralelo à uma equipe extremamente competente, que executou as idéias que o próprio Brad havia posto nos papeis.

Outro aspecto fora de série de Cidade dos Anjos é sua fotografia. Ela é exímia, como quase tudo no filme. Em conjunto com a edição, ela da um toque todo especial ao filme e um certo ar de “superioridade” também. É difícil de explicar, mas quando você vê, entende rapidamente do que estou falando. As tomadas estão perfeitamente gravadas, fotografias como as de Cage e Braugher sentados sobre uma placa de trânsito no alto de um semáforo, Cage e Ryan na cama ao som de uma trilha sonora exímia são exemplos de fotografias estupendas que você encontrará registradas em todo computador de um fã deste filme.

Cidade dos Anjos, que foi produzido por Gabriel Yared, foi indicado à muitos prêmios, entre eles o MTV Movie Awards, o Globo de Ouro, o Golden Satellite Awards, ao Grammy e diversos outro. Muitas dessas indicações vieram a coroar a extraordinária trilha sonora do filme, que traz consigo nomes como U2, Alanis Morissette, Sarah McLachlan, Peter Gabriel, Eric Clapton, Goo Goo Dolls, entre outros. Canções como: If God Will Send His Angels, Uninvited, Angels e Iris ficaram famosas no mundo inteiro e ajudavam (e muito!) a promover o filme. O resultado não poderia ser outro: uma trilha sonora super elogiada e muito bem aceita no mercado. Ainda hoje temos gente que procuram avidamente pelo CD original da película. Acreditem, a trilha sonora de Cidade dos Anjos, 5 anos depois de seu lançamento, ainda está entre os “mais vendidos” do maior site (nacional) de venda de artigos nacionais e importados na Web.

Vou procurar não me estender muito para não me afundar em elogios à Cidade dos Anjos. Apenas posso dizer que é um filme essencial a todos aqueles que apreciam um bom romance, que traz um desfecho nada comum (e graças a Deus, sem os clichês que assolam o gênero), e é recomendado até para aquelas pessoas que não curtem o gênero, pois este filme tem o poder de “conquistar” pessoas. E cumpre essa função brilhantemente!


Doce Novembro


Sinopse:
Durante a prova de renovação de sua carteira de motorista, Nelson (Keanu Reeves), um famoso
publicitário, acaba por atrapalhar Sara (Charlize Theron), uma simples moça, fazendo com que ela perca a sua licença. Como compensação, ela pede que Nelson more um mês com ela, com o argumento de ajudá-lo a aproveitar melhor a vida, já que ele é completamente dedicado ao seu trabalho. E, neste mês de Novembro, nascerá uma inesperada e avassaladora paixão difícil de manter o controle da racionalidade.


Por que vale a pena assistir?

- Por que um mês?
- Porque é pouco tempo para se apaixonar, mas o suficiente para acontecer algo legal.

Existem alguns filmes de romance que são inverossímeis, moralistas e tem uma história linear. Aliás, todo ano surgem um monte de filmes assim. Só que alguns deles conseguem se destacar por uma perfeita química entre o casal principal e o clima mágico que qualquer um gostaria viver na vida real. E é exatamente nesse escalão em que Doce Novembro se encaixa. É um filme com pequenos detalhes que o tornam tão especial, mesmo não tendo nada demais logo de cara. Gostoso de acompanhar, faz rir, faz chorar e faz pensar - mesmo com o moralismo claramente forçado - logo depois que a projeção termina. É um dos melhores romances da atualidade, mesmo com todos os defeitos que o acompanham.

A história pode ser um pouco forçada, mas revive um pouco da inocência da época em que o filme original (Por Toda a Minha Vida, Sweet November, de 1968) foi produzido. Nelson Moss (Keanu Reeves) é um publicitário que não faz mais nada na vida além de trabalhar arduamente em uma empresa junto com seu fiel companheiro de trabalho Vince (Greg Germann), chato e que se acha o tal. Nas vésperas de uma grande apresentação, ele deixa sua namorada Angélica (Lauren Graham, em uma ponta apenas no filme) e tudo o que for relacionado a vida pessoal em segundo plano, menos a renovação da licença de motorista, obrigatório para qualquer cidadão - mesmo os mais ocupados e importantes, como Nelson. Durante essa prova Nelson conhece da forma mais inusitada Sara Deever (Charlize Theron), bela loira de ações meio loucas.

Ela o convida para morar um mês com ele, obviamente Novembro, e usa como argumento sua vontade de ajudá-lo a sentir a vida, e não somente o trabalho. A relação entre os dois é o ponto que o filme trabalha, pois Sara é exatamente tudo o que Nelson havia esquecido em sua vida. O filme a usa como artefato para trabalhar todos os sentimentos que assombram muitas pessoas nos dias de hoje (o que mantém o filme original atual), o amor, uma razão para viver, essas coisas piegas, mas que continuam funcionando. E são esses sentimentos que cativam o público de modo a pensar em suas próprias vidas, o que é certo ou errado, o que está faltando ou não - o ponto moralista que pode desagradar alguns que citei no início. Até por ser meio inocente, como falei anteriormente, e por em xeque algumas ações dos personagens do dia de hoje (o famoso pensamento ‘dinheiro não é tudo’).

Só que esse relacionamento é todo marcado por belíssimas situações, como quando Nelson vê Sara passear com os cachorros pela praia, livre, feliz, com as pequenas coisas da vida. Ou então quando ele pára Sara no meio da rua, de surpresa, e começa a entregar as rosas, com a mais perfeita trilha sonora para a cena ao fundo. São de cenas como essas que um romance se faz de verdade, e Doce Novembro é muito feliz nesse sentido. As situações não são bobas como muitas comédias românticas, mas mesmo assim encantam com sua simplicidade.
P.S. Você terá que assistí-lo até o final para compreender o motivo pelo qual a mocinha do filme leva a vida desse jeito meio maluco de ser.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Alguém aí pode me dar notícias do Celso???

- Bom dia, é da recepção? Eu gostaria de falar com alguém que me desse informações sobre um paciente. Queria saber se certa pessoa está melhor ou piorou...
- Qual e o nome do paciente?
- Chama-se Celso e está no quarto 302.
- Um momentinho, vou transferir a ligação para o setor de enfermagem...
- Bom dia, sou a enfermeira Lourdes. O que deseja?
- Gostaria de saber as condições clínicas do paciente Celso do quarto 302, por favor!
- Um minuto, vou localizar o médico de plantão.
- Aqui é o Dr. Carlos plantonista. Em que posso ajudar?
- Olá, doutor. Precisaria que alguém me informasse sobre a saúde do Celso que está internado há três semanas no quarto 302.
- Ok, meu senhor, vou consultar o prontuário do paciente... Um instante só! Hummm! Aqui está: ele se alimentou bem hoje, a pressão arterial e pulso estão estáveis, responde bem à medicação prescrita e vai ser retirado do monitor cardíaco até amanhã. Continuando bem, o médico responsável assinará alta em três dias.
- Ahhhh, Graças a Deus! São notícias maravilhosas! Que alegria!
- Pelo seu entusiasmo, deve ser alguém muito próximo, certamente da família!?
- Não, sou o próprio Celso telefonando aqui do 302! É que todo mundo entra e sai desta merda deste quarto e ninguém me diz porra nenhuma. Eu só queria saber como estou...

Só pra quebrar um pouco... mas ainda estou fula da vida!!!!