sábado, 16 de fevereiro de 2008

A culpa é das variáveis

Putz! Blitz!
Estão parando todos os carros pretos. Legal!!! "Black is back" e o meu é preto.
O guarda faz sinal e me manda encostar.
- Bom dia!
- Bom dia! - um sorrisinho falso e penso: estava bom até você aparecer...
- Documentos.
- Pois não! O senhor poderia me dizer, por gentileza, do que se trata esta blitz?
- Homicídio. Esta madrugada.
Penso comigo: Oras, por favor, né? O cara já deve estar lá em Floripa, no mínimo, a essa altura do campeonato. Fico calada, lógico.
- A senhora poderia abrir a mala?
Ah, sem essa! Por favor, né? Só o que me faltava. Agora já virei suspeita? Lá fui eu abrir o porta-malas do carro. Nesse meio tempo já tinha mais um deles, armado até o pescoço, do meu lado.
- A senhora poderia me explicar o porquê disso? - diz um deles apontando pra minha caixa abarrotada de facas que eu, por um acaso estava levando pra afiar.
- Essa aqui uso pra cortar a pontinha dos dedos da mão, essa é pra torar o pescoço, essa uso pra destrinchar. Já essa aqui é pra tirar os dedinhos do pé e a outra pra cortar os punhos. Mas a que eu mais gosto é essa aqui: serve pra tudo. Ah, está faltando a tesoura, mas como não cabia mais nada, deixei em casa - lógico que em pensamento, mas que deu uma vontadezinha desgraçada de falar tudo isso, deu.
Ah! Poupem-me!
- Estou levando pra afiar, posso?
Já dentro do carro e a caminho do meu destino, percebi quão inverossímel é a máxima "todos são inocentes até que se prove o contrário". Dever-se-ia dizer: "todos são culpados até que se prove a inocência".
Ainda pra completar, levava um edredon alvinho, que tinha acabado de pegar na lavanderia.
A culpa é das variáveis...

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