sexta-feira, 14 de novembro de 2008

O perdão e suas consequências

Sabe o porquê da citação: perdoar é divino? Oras, porque só Deus mesmo pra perdoar tudo sem pestanejar ou jogar na cara da gente toda a vez que o bicho pega e a gente se encarna numa discussão com a pessoa que dizemos 'perdoada'. Pô! Perdoar já é difícil, mas a gente tenta. E tenta de novo. E tenta mais uma vez. E vem outra. Opa! Tá crescendo a lista de perdões... ahhhhhhh! Mas aí já virou malandragem!!!

Tá me achando com cara do quê???? Caraca! Vá ver se eu tô na esquina!

Como a gente é burra... burra não! Besta. Tola. Também não vou me ofender que de burra não tenho nada! Aliás devo, sim ter, essa joça pulsante do lado esquerdo do peito que insiste em subir à cabeça e tomar o cérebro por refém: ô, gente boa! Dá licença aí, mas todos os neurônios no chão, desliguem os celulares e não mantenham contato elétrico entre si ou o hipotálamo morre! Tô logo avisando aí, simpatia, nada contra vocês não, viu, mas a sociedade artério-venosa anda dificultando nosso trabalho, o pulmão não quer saber de dar umas golfadas em prol da nossa causa morta, então, 'cês' sabem, né?

Coração é burrinho mesmo! Burro, mas tão burro que não sai do lugar! Cegueta que dá dó: não enxerga um palmo adiante do nariz e ouve mal pra caramba, tão mal que nem fazendo limpeza no otorrino iria conseguir manter o máximo de surdez capaz de utilizar um aparelho daqueles milagrosos!

Eu sei, ando me tornando repetitiva, mas é para o meu próprio bem e, talvez se a mim sirva, servirá a mais alguém. Maldita hora que não ouvi o mestre Schopenhauer. Toda vez que ignoro o que ele martela no meu intelecto... dá nisso. É só ouvir umas parcas palavrinhas doces que... argh! Melhor nem falar mais nada!



Perdoar e esquecer equivale a jogar pela janela experiências adquiridas com muito custo. Se uma pessoa com quem temos ligação ou convívio nos faz algo de desagradável ou irritante, temos apenas de nos perguntar se ela nos é ou não valiosa o suficiente para aceitarmos que repita segunda vez e com frequência semelhante tratamento, e até de maneira mais grave. Em caso afirmativo, não há muito a dizer, porque falar ajuda pouco. Temos, portanto, de deixar passar essa ofensa, com ou sem reprimenda; todavia, devemos saber que agindo assim estaremos a expor-nos à sua repetição. Em caso negativo, temos de romper de modo imediato e definitivo com o valioso amigo ou, se for um servente, dispensá-lo. Pois, quando a situação se repetir, será inevitável que ele faça exactamente a mesma coisa, ou algo inteiramente análogo, apesar de, nesse momento, nos assegurar o contrário de modo profundo e sincero. Pode-se esquecer tudo, tudo, menos a si mesmo, menos o próprio ser, pois o carácter é absolutamente incorrigível e todas as acções humanas brotam de um princípio íntimo, em virtude do qual, o homem, em circunstâncias iguais, tem sempre de fazer o mesmo, e não o que é diferente. (...) Por conseguinte, reconciliarmo-nos com o amigo com quem rompemos relações é uma fraqueza pela qual se expiará quando, na primeira oportunidade, ele fizer exactamente a mesma coisa que produziu a ruptura, até com mais ousadia, munido da consciência secreta da sua imprescindibilidade.
Arthur Schopenhauer



Tem gente que não aprende mesmo que uma chance já é valiosa, duas é uma coisa incrível, três, então, ai Minha Nossa Senhora, quatro é um milagre dos bons... mais que isso, é melhor se preparar porque vem chumbo. E dos grossos!!

Vergonha na cara! Vergonha na cara! Perde e depois não sabe porquê! Ah, acha que não, é? Tenta pra ver... Depois que o saco fura, não tem mais volta! Já avisei! A tal imprescindibilidade também tem seus limites nessa vida aqui: quando ultrapassa, fere a minha pessoa, se fere a minha pessoa, não é bom, se não é bom... eu me retiro. E me retiro mesmo!

Tenho é que tomar vergonha na cara e aprender de uma vez por todas. Um dia, quem sabe, chego lá:



Ab alio exspectes, alteri quod feceris.
Como for teu trato, assim te trato.
Como plantares, assim colherás.
Assim como fizeres, de outro o esperes.
O que fizeres, encontrarás.
You shall have as good as you bring.
Comme à autrui fait tu auras, d'autrui enfin tu recevras.
El bien o el mal al que lo hace le vendrá.
Donde las dan las toman.
Come farai, così avrai.
Kiu fosas sub alia, falos mem en la foson.


Não adianta esperar algo daqueles que nasceram para se prender em suas próprias jaulas mesmo elas estando abertas.
Juan Carlo Moravagine
http://obrancoderembrandt.blogspot.com/2008/11/mysteries.html

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