quinta-feira, 21 de agosto de 2008

A galinha e o porco. Uma questão de Atitude.

Você se envolve ou se compromete?

Quando é lançado um desafio em uma organização, ou se faz necessário enfrentar uma situação atípica, surge uma diversidade de pessoas dispostos a colaborar para o sucesso da empreitada.

Cada uma de sua forma. Com seu estilo. Aparecem aqueles muito envolvidos e outros, nem tanto. Mas também existem os comprometidos com os resultados, os que lutam, dão seu
máximo e arrancam leite de pedra, para corresponder com as expectativas. Isso me faz pensar na história da feijoada na fazenda do interior do Ceará. Vale a pena ler.

Numa fazendinha, no interior do Ceará, os bichos comentavam com muita animação as últimas notícias. Parece que haveria uma grande festa para comemorar o aniversário do proprietário, seu Agenor.

Nessa festa, seria oferecida uma feijoada daquelas, para ninguém botar
defeitos. Com tudo o que tem direito. O alvoroço era total, todos os
bichos queriam participar, pois gostavam muito do seu Agenor.
Felipe, o galo de raça, sacudindo suas penas e rebolando a crista, subiu até a parte mais alta do poleiro e começou a cantar como nunca o tinha feito na vida. Era Co... Co...Cooooooo! para todos os lados.

As galinhas, mais de 50, se juntaram e ciscando para aqui, ciscando para lá, acertaram que a
melhor forma de colaborar era dobrando a produção de ovos. E lá se foram direto para os ninhos. Foi uma verdadeira chuva de ovos. Todo mundo se esforçando para fazer o melhor: botar ovos e mais ovos.

Mas havia uma coisa errada. Sentado num canto da parede, com a cabeça baixa e os olhos melancolicamente úmidos, estava Romão, o porquinho.

Catarina, a galinha mãe, se aproximou e perguntou:

- Mas Romão. O que você tem? Todos os animais estão muito felizes com a proximidade da festa, alegres, colaborando, dando o melhor de si, e tu estás ali, triste, deprimido.

Romão, com voz triste respondeu com uma pergunta:

- Me diga Catarina. Existe algum motivo para estar alegre?
- Pois claro – respondeu a penosa. A festa de aniversário!
- Qual será o prato principal? – perguntou Romão, suspirando.
- Feijoada!
- Pois é, Catarina. Feijoada é feita com costelinha de porco, orelha de porco, mocotó de
porco...
- Ai meu Deus, estou entendendo.
- Pois é. Para essa feijoada dar certo, é necessário que eu forneça todos esses ingredientes.

Esta história nos permite visualizar claramente a diferença entre envolvimento e comprometimento.

Os animais estavam, na realidade, altamente envolvidos na preparação da festa. Felipe, no poleiro cantando de galo, na sua, fazendo alarde e se mostrando para todos. As galinhas, mostrando seu envolvimento, multiplicando a produção de ovos, que pouco tem a ver com preparar uma feijoada. Já o Romão, ah, Romão, esse sim que estava comprometido. Para que a feijoada pudesse ter sucesso, ele deveria dar tudo de si, até a vida.

Nas organizações a situação é idêntica. Frente aos desafios encontramos aqueles que ficam alardeando, cantando de galo, lá em cima do poleiro, só 'mostrando serviço'. Outros 'fazem a sua parte', botando ovos aos montes, sem perceber que esse esforço a nada conduz, pois não é de 'ovos' que a organização está precisando nesse momento. Mas também existem aqueles que, como o Romão, são realmente comprometidos com os resultados. Que dão tudo de si para o sucesso do empreendimento. Que depositam a própria vida para que o resultado apareça, sem se importar com preço que devem pagar.

Essa é a tal diferença entre o envolvimento, superficial, aparente e o comprometimento, real e profundo.

Em miúdos: A galinha está levemente envolvida com os ovos, enquanto o porco está totalmente comprometido com o bacon. Ou seja, a galinha põe o ovo e vai ciscar ao sol, mas é o coitado do porco, rapelado e estripado, que vê sua pele fritar e torrar na frigideira.

Em tempo: organizações e relacionamentos funcionam praticamente da mesma forma. Há os que se envolvem, há os que se comprometem. E só existem finais felizes quando ambos os parceiros apenas se envolvem ou quando ambos se comprometem. As medidas tem que ser iguais. Ou um dos lados cai.

P.S. Hoje dei risada. Lembrei de uma certa conversa há tempos atrás no estacionamento de um supermercado onde estávamos justamente a discutir sobre esse assunto. E eu nem imaginava que iria ser o porco da estória... rsrs E que não esteja só, pelamordedeus, né? Frigideira desacompanhada é suicídio na certa! Tomara que quem devore lamba os beiços e todo o meu comprometimento não tenha sido em vão!!!!

3 comentários:

Me, Myself and I disse...

Gê , sacanagem com o pobre Romão , mas estava pensando aqui será que não é melhor ceder suas partes e acabar de uma vez com esse problema de comida , satisfazer toda a bicharada , do que ser uma galinha que põe "ovos grandes caipiras", todos os dias,um monte de vezes e ainda por cima tem que cacarejar de felicidade ?? eheheh
Diria por fim que não se faz omeletes sem quebrar ovos , entonces que como voce bem disse , que seja um omelete com bacon , assim tem um pouco de cada um , na medida certa !!
Beijo

Ps. Me deu fome essa estória !!

Nomade disse...

Vamos simplificar, lembrando que simples é diferente de fácil,mas este é outro assunto muito mais complexo.

Num omelete de presunto temos dois ingredientes: o ovo e o presunto.

A galinha PARTICIPA com os ovos, porém o porco se COMPROMETE, pois é sacrificado literalmente para que exista o presunto.

Num relacionamento, numa equipe, ou na vida, voce PARTICIPA ou se COMPROMETE?

Já que estamos falando de ovos, lembrei de outra coisa: o ovo da galinha é muito menos nutritivo do que o da pata, mas ao pôr o seu ovo, a galinha faz um grande alvoroço, cacarejando e anunciando o seu feito, a pata por sua vez põe o seu ovo e permanece quieta.

Não é difícil entender porque o ovo da galinha é muito mais consumido - simples questão de marketing!

Como voce se comporta diante de suas obras?

Paz!

disse...

Aí é que está o problema, meus caros... eu sempre me comprometo. Às vezes o ideal seria mesmo era não passar do tão somente envolver-se. Melhor pra quem se doa. E tanto faz pra quem recebe. Ultimamente tenho visto muito disto.
Essa minha intensidade ainda há de aniquilar-me a alma... e não me apetece nem um pouco. Nem um pouco.
bj em ambos