quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Se para vencer estiver em jogo sua honestidade, perca. Você será sempre um vencedor.


Hoje de manhã, fui acompanhar o Gui no torneio brasileiro de tênis em Itajaí (SC), no Clube Itamirim. Já havia passado por aquele corredor entre as quadras algumas vezes, sentei-me diante dessa placa com os dizeres acima e não enxerguei. Olhei de relance, mas não prestei atenção. E aquilo estava ali pra mim, com toda a certeza. O tal dedinho de Deus providenciando, ou então a mão de Deus descansando sobre o meu ombro outra vez e eu a ignorar os sinais. Foi na saída, quando arrumava a minha mochila pra voltar que realmente parei e li. E reli. E li outra vez. E aquilo continuou na minha cabeça e me trouxe paz. A paz que eu procurava.
Se para vencer estiver em jogo sua honestidade, perca.
Você será sempre um vencedor.
Levo isso sempre comigo e ouço isso desde sempre. Meu avô contava essa estória quando eu era pequena. E a última coisa que ele me falou no hospital foi exatamente essa frase. Prefiro mesmo ser honesta a vencer na malandragem, porque vencer na malandragem é enganar a si mesmo. E quero que meus filhos cresçam com valores assim. Percam quantas vezes forem necessárias, mas jamais sejam desonestos. Tudo o que consegui até hoje foi por mérito próprio, esforço próprio e me orgulho disso. Não me comparo a ninguém porque não há comparações. Cada um é cada um. O que é bom pra mim pode não ser pra você. A minha vida é minha e não sua. Cada um leva a vida do jeito que bem entender, mas não gosto que invadam a minha liberdade, assim como você não gostaria que invadisse a sua. E quando digo que desejo que meus inimigos (nunca pensei que diria isso um dia; inimigo é uma palavra pesada, mas arranjei um par deles no meio do caminho, ou uma única, não sei) sejam felizes sou mesmo sincera. Não preciso de palavras bonitinhas pra me sair por cima não. Não desejo sair por cima. Desejo paz. Paz de espírito. E desejo, sim, que você, inimiga minha que cuidei tanto durante esse tempo todo - podem me chamar de burra - seja extremamente feliz. E cresça. E com isso seja mais feliz ainda. Não sou de falar da boca pra fora e quem me conhece realmente sabe disso. Ser feliz é uma arte, uma opção, uma escolha. Se eu tivesse uma varinha mágica ou pó de pirlimpimpim, juro: deixaria mesmo a meu encargo a sua felicidade. Um dia eu lhe disse: deixo de mim para que sejas tu. Mas você não entendeu. E olha que isso faz teeeeeempo... E quem sabe esse mesmo tempo não lhe mostre que vale muito mais a pena a verdade do que se emaranhar nas próprias estórias que fabrica. Não adianta ir à missa toda a semana se o coração é duro e cheio de ódio. Não se engane. Sempre disse: não desejo o mal de ninguém. E sou sincera. Que Deus ilumine o seu coração antes que seja tarde demais e esse ódio todo transforme a sua beleza exterior em algo grotesco. Beleza vem de dentro. E quanto menos ódio sentimos, mais felizes somos. Quanto mais felizes, mais luz a gente emana. E é essa luz que faz com que as pessoas se aproximem de nós e desejarem a nossa companhia. Não estou aqui pra dar lição de moral como tem mania de dizer, estou aqui pra compartilhar aquilo que carrego na alma. E só. Não tenho intuito de nada. Mas o meu coração não iria ficar em paz se não lhe dissesse isso. Não sei se vai chegar aos seus ouvidos ou não. E não importa. O que importa é que a minha consciência está tranquila. A sua está?

Segue o conto do qual a frase faz parte. Aos meus leitores assíduos, peço perdão por usar este espaço pra tal fim, mas o conto é belíssimo e mesmo já tendo postado aqui, vale a pena ler outra vez.

Começo a acreditar novamente que Deus escreve certo por linhas tortas. Só não sei bem se Ele tem certeza de que sabe o que faz. Espero que sim.

A flor da honestidade

Conta-se que por volta do ano 250 A.C, na China antiga, um príncipe da região norte do país estava às vésperas de ser coroado imperador mas, de acordo com a lei, deveria se casar. Sabendo disso, ele resolveu fazer uma "disputa" entre as moças da corte ou quem quer que se achasse digna de sua proposta.

No dia seguinte, o príncipe anunciou que receberia, numa celebração especial, todas as pretendentes e lançaria um desafio. Uma velha senhora, serva do palácio há muitos anos, ouvindo os comentários sobre os preparativos, sentiu uma leve tristeza, pois sabia que sua jovem filha nutria um sentimento de profundo amor pelo príncipe.

Ao chegar em casa e relatar o fato à jovem, espantou-se ao saber que ela pretendia ir à celebração, e indagou incrédula:

- Minha filha, o que você fará lá? Estarão presentes todas as mais belas e ricas moças da corte. Tire esta idéia insensata da cabeça; eu sei que você deve estar sofrendo, mas não torne o sofrimento uma loucura.

E a filha respondeu:

- Não, querida mãe, não estou sofrendo e muito menos louca, eu sei que jamais poderei ser a escolhida, mas é minha oportunidade de ficar pelo menos alguns momentos perto do príncipe, isto já me torna feliz.

À noite, a jovem chegou ao palácio. Lá estavam, de fato, todas as mais belas moças, com as mais belas roupas, com as mais belas jóias e com as mais determinadas intenções. Então, inicialmente, o príncipe anunciou o desafio:

- Darei a cada uma de vocês, uma semente. Aquela que, dentro de seis meses, me trouxer a mais bela flor, será escolhida minha esposa e futura imperatriz da China.

A proposta do príncipe não fugiu às profundas tradições daquele povo, que valorizava muito a especialidade de "cultivar" algo, sejam costumes, amizades, relacionamentos, etc...

O tempo passou e a doce jovem, como não tinha muita habilidade nas artes da jardinagem, cuidava com muita paciência e ternura a sua semente, pois sabia que se a beleza da flor surgisse na mesma extensão de seu amor, ela não precisava se preocupar com o resultado.

Passaram-se três meses e nada surgiu. A jovem tudo tentara, usara de todos os métodos que conhecia, mas nada havia nascido. Dia após dia ela percebia cada vez mais longe o seu sonho, mas cada vez mais profundo o seu amor. Por fim, os seis meses haviam passado e nada havia brotado. Consciente do seu esforço e dedicação, a moça comunicou à mãe que, independentemente das circunstâncias, retornaria ao palácio, na data e hora combinadas, pois não pretendia nada além de mais alguns momentos na companhia do príncipe.

Na hora marcada estava lá, com seu vaso vazio, bem como todas as outras pretendentes, cada uma com uma flor mais bela do que a outra, das mais variadas formas e cores. Ela estava admirada, nunca havia presenciado tão bela cena.

Finalmente chega o momento esperado e o príncipe observa cada uma das pretendentes com muito cuidado e atenção. Após passar por todas, uma a uma, ele anuncia o resultado e indica a bela jovem como sua futura esposa. As pessoas presentes tiveram as mais inesperadas reações. Ninguém compreendeu porque ele havia escolhido justamente aquela que nada havia cultivado. Então, calmamente o príncipe esclareceu:

- Esta foi a única que cultivou a flor que a tornou digna de se tornar uma imperatriz. A flor da honestidade, pois todas as sementes que entreguei eram estéreis.

Se para vencer, estiver em jogo a sua honestidade, perca.
Você será sempre um vencedor.


P.S. Desconheço o autor. Mas meu avô me contava essa estória sempre que tinha uma oportunidade. Eu sei quem sou. E sou o que sou. Ego sum qui sum. Nem mais, nem menos. Posso ter muitos defeitos, mas desonestidade com certeza não é um deles. Aquilo que sou ninguém me tira.

P.P.S. Curiosamente, a flor da foto é conhecida como flor da honestidade (Perennial Honesty [Lunaria rediviva])

P.P.P.S. Quanto ao Gui, perdeu o jogo, mas ganhou na honestidade. E fiquei muito orgulhosa dele por isso. Jogou brilhantemente bem, ficou um tanto nervoso na quadra, mas vibrou bastante a cada ponto ganho por ele e não pelos erros do adversário. E a cada ponto ganho ou perdido olhava pra mim. Não procurando aprovação ou reprovação, mas força e paz. E eu sei que ele teve certeza de que eu estava ali por ele, assim como sempre estarei. Por ele e pelo Bruno. Nas veias deles corre o mesmo sangue que o meu (apesar do Rh ser outro... rs) e é o meu sobrenome que eles carregam. E eu tenho certeza de que sentem o mesmo orgulho que sinto deles, por mim.Passamos por muitas juntos. E ainda iremos enfrentar muitas coisas. Mas confio neles e eles em mim. E somos honestos e transparentes uns com os outros. Resolvemos os problemas juntos. E isso vale a vida. Eu os tenho companheiros, amigos, respeito-os e a recíproca é verdadeira. Não tive só filhos, mas tive duas dádivas de Deus. Meninos, amo vocês!

2 comentários:

Fernanda Souza Watzko disse...

E eu amo você, amo os meninos, e agradeço todos os dias por Deus ter colocado vocês na minha vida!
Estou sem palavras para tanta coisa linda e imensamente coerente que você postou hoje. Estou morrendo de saudades!

Beijos

disse...

Minha belíssima e cultíssima amiga! Obrigada! Amo você demais da conta também - e você sabe disso, né?
Estou morrendo de saudades também, mas juro que dou um jeito loguinho: a hora que você tiver uma folguinha durante a semana - à tarde - pego o carro e fujo até aí, pra passar nem que seja duas horinhas contigo!
bjk