quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A gente sempre destrói aquilo que mais ama em um campo aberto, ou numa emboscada; alguns com a beleza do carinho e outros com a dureza da palavra; os covardes destróem com um beijo, os valentes, destróem com a espada. (Oscar Wilde)

MERCEARIA
Faltei com a razão
E no coração coloquei meus olhos.
Esperei. Senti. Sofri.
Ceguei-me assim, aos poucos.
Paguei por isso preço alto.
E não recebi troco algum.
Bobeia e paguei ainda mais do que devia.


Pra complementar a minha obra aí em cima, só com Saramago mesmo, apesar da inspiração ser outra:
(...) Pouco a pouco começou a voltar a si, sentia umas dores surdas no estômago, não que fossem elas novidade, mas neste momento era como se não houvesse no seu corpo nenhum outro órgão vivo, lá estariam, mas não queria dar sinal de si, o coração, sim, o coração ressoava como um tambor imenso, sempre a trabalhar às cegas na escuridão, desde a primeira de todas as trevas, o ventre onde o formaram, até à última, essa onde parará.

(...)...se antes de cada acto nosso,nos puséssemos a prever todas as consequências dele,a pensar nelas a sério, primeiro as imediatas, depois as prováveis, depois as possíveis, depois as imagináveis,não chegaríamos sequer a mover-nos de onde o primeiro pensamento nos tivesse feito parar.
José Saramago in: Ensaio sobre a cegueira

Mas diferentemente... eu nunca me arrependo. Às vezes, gostaria de ter feito um pouquinho diferente. Só um pouquinho...

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