sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O Pastor

(Madredeus)

Ai que ninguém volta
ao que já deixou
ninguém larga a grande roda
ninguém sabe onde é que andou

Ai que ninguém lembra
nem o que sonhou
(e) aquele menino canta
a cantiga do pastor

Ao largo
ainda arde
a barca
da fantasia
e o meu sonho acaba tarde
deixa a alma de vigia
Ao largo
ainda arde
a barca
da fantasia
e o meu sonho acaba tarde
acordar é que eu não queria.

1 comentários:

J. Carlos disse...

Sigo lendo suas linhas, traçadas muitas vezes, ao que parece, a partir de sonhos e de saudade. Fez lembrar palavras de Rubem Alves que, se me permite, vou transcrever.

"Memórias não podem ser esquecidas. O passado, uma vez vivido, entra em nosso sangue, molda o nosso corpo, escolhe as nossas palavras. É inútil renegá-lo. As cicatrizes e os sorrisos permanecem. Os olhos dos que sofreram e amaram serão, para sempre, diferentes de todos os outros. Resta-nos fazer as pazes com aquilo que já fomos, reconhecendo que, de um jeito ou de outro, aquilo que já fomos continua vivo em nós seja sob a forma de demônios que queremos exorcizar e esquecer - sem sucesso -, seja sob a forma de memórias que preservamos com saudade e nos fazem sorrir com esperança."

F. Pessoa dizia que a redação normal não pode comportar a transposição para linguagem de sentimentos vagos ou complexos. Mas nem sempre é assim, como este Blog demonstra.