quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Como consertar o que não tem conserto (ou seria, não quer ser consertado)?

Nem sei o que te dizer. Parei, pensei. Ou melhor, não pensei e fui logo dizendo o que me entalava a garganta. E aquilo que era pra me aliviar a alma (e o semblante também, haja visto a tensão desses últimos dias, meses ou sei lá em que classificação temporal - temporal? Isso já me lembra que a chuva já, já cai outra vez... cá dentro e lá fora quando o que eu mais queria era um dia lindo de sol e um sol brilhando aqui em mim, de mim - pra mim, tanto faz...) acabou por atarantar-me (e isso existe?) ainda mais porque sei que você não vai  acreditar em mim (como sempre) e que eu não vou voltar atrás porque não ouvi aquilo que me permitiria ficar. Nunca ouço. Já deveria estar acostumada, mas isso é atípico em minha pessoa. Não me 'acostumo' com as coisas.
Não sei mesmo o que te dizer, mas esse carrossel ininterrupto de velocidades alternadas que corre aqui dentro de mim me desestabiliza e fico assim, meio perdida num amontoado de palavras soltas que talvez nem juntas fariam sentido algum. E mesmo que fizessem, talvez você não me compreendesse porque chego à conclusão de que as nossas rotações devam ser diferentes. Assim como as frequências são anos-luz distantes uma da outra. Se estou errada, por favor me corrija. Se te irrito, brade comigo, mas pelo amor de Deus, fale alguma coisa, que silêncio eu ainda não aprendi a compreender. Ainda mais eu, que falo pelos cotovelos.
Talvez esse meu jeito insano de levar as coisas, essa minha ânsia de cuidar minuciosamente de um algo que nem mesmo existe deva estar distorcendo - ou contorcendo - as ligações elétricas dos neurônios dessa cabecinha loira. Talvez esse meu jeito ávido de viver cada segundo como se fosse mesmo o último não seja assim tão conveniente. Já disse: sou uma aberração. E isso - não pode negar - já sabia desde o início.
Se pudesse voltar no tempo mudaria algumas coisas, mas não alteraria suas cores, apenas os dissabores. Não que desejasse um mar perfeito - a agitação das ondas é que fazem os bons surfistas -, mas olhando assim, talvez fosse mesmo capaz de alterar o curso das coisas e moldá-las de acordo com a normalidade. Anormalidade. E quem me entende??
Não entendo o porquê do meu desejo ávido de buscar sempre um porquê das coisas, redundância absurdamente real. Eu sei, chega a ser irritante, mas é assim que eu funciono e é difícil mudar depois que a coisa encalacra no ser.
A esta altura do campeonato a lua já está quebrando o pau com o sol que mandou as estrelas pra uma galáxia perdida qualquer e os riscos do eclipse total ocorrer são visíveis. O duro é saber o que resta depois disso tudo, se é que resta alguma coisa. E eu sigo catando os caquinhos de mim espalhados no caminho durante toda essa espera pelo cataclismo cardiomental (ah, eu e meus termos hiperbolicamente criativos...) que nunca vai acontecer, vai? - esperança maldita que insiste em permanecer no limbo e que eu não consigo extirpar assim sem mais nem menos.

- Olha, guria, fogos de artifício! - e olho mesmo pra cima em busca de uma explosão linda cheia de cores pintando o negro do céu ausente de lua e estrelas...

E eu só pensaria: enfim! E atravessaria até a nado o precipício que se abriu entre nós.
Será que milagres acontecem mesmo? Acho que não.

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